BLOG DA PASTORA ZENILDA


Pra. Zenilda Reggiani Cintra
As opiniões deste blog refletem a minha visão e não, necessariamente, a de outras pastoras da CBB.
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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

UMA PASTORA BATISTA!


Sou pastora desde 04 de abril de 2004. Fui ordenada pela IBAC - Igreja Batista Curuçá, em Santo André, SP, e desde então tenho caminhado como pastora ao lado do meu marido, Pr. Fernando Cintra.
Tem sido uma longa caminhada. Eu não me lembro de um tempo da minha vida em que não tenha amado a Jesus. Nasci em um lar evangélico batista. Meu pai, Oswaldo, evangelista, dirigia a IB Monte das Oliveiras, em Santo André, SP, onde congregávamos e ele e a minha mãe, Daisi, nos deram, a mim e aos meus quatro irmãos, uma base cristã bem sólida. Vivi todas as fases e sequências de organizações, coros e conjuntos tão peculiares à igreja batista.

Minha conversão foi uma consequência natural desse processo. Aos sete anos, em uma série de conferências evangelísticas fui à frente, sendo batizada alguns meses depois. Foi uma conversão de fato. Nunca tive dúvidas, nunca voltei atrás e jamais duvidei da minha salvação.

A primeira vez que senti a chamada de Deus foi ouvindo a história da missionária Noemi Campelo, na organização Mensageiras do Rei, para quem não conhece, uma jovem que foi trabalhar com seu esposo na tribo dos índios craôs, no hoje Estado do Tocantins, e morreu ali ainda muito jovem. A partir desse momento, fui direcionando minha vida para atender a esse chamado. Aos 16 anos, Deus renovou meu chamado quando ouvi uma mensagem do Pr. Mário Pereira da Silva, da Igreja Batista em Vila Gerte, São Caetano do Sul, SP.

Fui estudar no então IBER, hoje CIEM. Quando Deus me chamou, achei que ia ser missionária na China e sempre tive um envolvimento com Missões. Participei das Operações Trans da JMN, Mutirões Missionários e etc. Naquele tempo, final da década de 1970, ninguém falava em pastora. Certa vez, ouvi pelo meu tio, o Pr. José Regeani, que trabalhou no RS e no RJ, falar de "uma mulher que queria ser pastora", em Campinas, SP. No mais, não era um assunto discutido. Mas, já naquele período, comecei a ler muitas coisas sobre mulheres, tanto na literatura secular como evangélica. No final do curso, fui designada pela minha turma para ser a oradora. Meu tema foi “Deus, Mulher e Vocação”. Nesse discurso, falei como Deus chamava segundo o seu propósito, sua multiforme sabedoria e por causa das necessidades do Reino, sem acepção de pessoas. Tive as mais diversas reações, mas a maioria delas com um silêncio.

Nos anos que trabalhei na JMN, de 1981 a 1988, tive contato com muitas missionárias, algumas mito como Marcolina Magalhães, Beatriz Silva, Margarida Gonçalves, Lúcia Margarida e outras mais. Não entendia porque plantavam a semente do evangelho, regavam e quando essas sementes cresciam precisavam de um pastor para batizar, celebrar a ceia, fazer casamentos e etc. Conjecturas pessoais que raramente compartilhei com alguém. Durante esses anos muitas vezes debatíamos o assunto em grupos de amigos e sempre defendia o pastorado feminino. Mas quando alguém perguntava se eu queria ser pastora, afirmava categoricamente que não.

Mas Deus começou a mudar a trajetória da minha vida. Ele começou a falar comigo que eu precisava trabalhar com o povo. Nesse ínterim, comecei a namorar o então recém-formado Pr. Fernando de Oliveira Cintra, que sempre amou profundamente a igreja de Jesus Cristo. Após o casamento, fomos trabalhar na 2ª. IB de Pirassununga, SP, onde ficamos três anos, depois com a IB Betel, em Santo André, onde ficamos quatro anos, depois 16 anos na Igreja Batista Curuçá, tanbém em Santo André, e a partir de março de 2011 na Igreja Batista Esperança, Taguatinga, DF. Nesses anos, o Senhor nos deu duas filhas, a Fernanda e a Thais, e trabalhei paralelamente na Juratel, na CBESP e no Colégio Batista Brasileiro, de São Paulo, em períodos diferentes. Foram anos de amadurecimento, construção da família e do ministério na igreja local. Li, ouvi, debati e escrevi muitas vezes a respeito de mulheres no pastorado, sempre achando que ser pastora não era algo para mim.

Foi então que Deus começou a falar comigo de maneira especial novamente. Em algumas situações, o Espírito começou a incomodar-me com a pergunta: se dali a algum tempo o Senhor me chamasse à sua presença, o que eu falaria dos meus últimos anos no que se referia ao ministério? Foi então que fui amadurecendo a decisão de trabalhar integralmente com a igreja. E assim fiz a partir de 1999.

Para a igreja também foi algo novo. Quando meu marido assumiu o pastorado, a igreja tinha completado 40 anos e durante toda a sua trajetória tinha se acostumado com esposas de pastores dedicadas, fiéis, mas que somente acompanhavam seus maridos. Para muitas pessoas era difícil conviver com alguém preparada, com área de ministério, opiniões e decisões. Nesses anos, a convicção que Deus tinha me chamado para ser pastora foi crescendo. Cheguei a ouvir alguns dizerem que nunca me chamariam de pastora, jamais fariam qualquer coisa que eu pedisse e que para elas só existia o meu marido como pastor. Um dia, em casa, após ouvir mais uma vez algo semelhante, orando ao Senhor em lágrimas, ele me falou no texto em 2 Ct 3.4-6: “E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus; não que por nós mesmos sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós, pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito, porque a letra mata, mas o espírito vivifica”. A partir desse momento, nunca mais tive qualquer indecisão a respeito do meu chamado para ser pastora.

Em contraposição, recebi apoio de muitos irmãos e irmãs amados da minha igreja, que me incentivavam, me chamavam de pastora mesmo antes de ser ordenada, reconheciam em mim o chamado de Deus e oravam por mim. Minha ordenação foi um processo quase que natural. Depois de cinco anos de dedicação integral, quando já tinha 23 anos de formada, fui ordenada pela igreja local para evitarmos confrontos desnecessários àquela altura. Devo minha Ordenação, como pastora batista, primeiramente a Deus e, em segundo lugar, ao meu marido, Pr. Fernando, que também foi trabalhado por Deus e, gradativamente, por meio dos seus estudos, foi entendendo que eu tinha um chamado também e que não havia nada nas Escrituras que impedia que eu fosse ordenada. Ele encaminhou minha ordenação, preparou e esclareceu a igreja e tem dado todo o apoio. Apesar da oposição de muitos pastores, há um paradoxo: Deus usa, neste tempo, os pastores para reconhecer o dom e ordenar as pastoras.

Sou pastora do Reino, em primeiro lugar, e de uma igreja batista da Convenção Batista Brasileira, em segundo lugar. Como eu, muitas pastoras já foram ordenadas pelas igrejas da CBB, todas com um chamado especial de Deus.  Hoje, se Deus me chamasse à eternidade e me perguntasse o que eu fiz nesses últimos anos, eu diria: enfim, amado Senhor, exerci a vocação para a qual o Senhor me chamou desde o ventre de minha mãe: pastora do teu rebanho!

(texto editado em 02 de dezembro de 2013)
Leia também:
QUASE QUINZE - AS PASTORAS E A FILIAÇÃO À OPBB e MINHA ESPOSA PASTORA E NOSSA CAMINHADA JUNTOS

10 comentários:

  1. Hoje já temos localizadas 83 pastoras! Glória a Deus.

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  2. Se Deus determinou e vc se sente feliz e realizada com essa experiencia,Louvado seja!!
    As mulheres sempre foram importante para Jesus, não sei porque ele não nomeou algumas delas discípulas. Acho que ele pisou na bola. Será que Jesus era machista? Eu heim....

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  3. Infelizmente o espírito mundo tem invadido a igreja de Deus. não temos mais ouvido nem atentado às Suas orientações. Temos copiado modelos pagãos. Hoje a rebeldia tem aparecido em vários lugares. As mulheres tem corrido, brigado, defendido uma teologia feminina que não têm base bíblica e sim no pós-modernismo. Se é vontade de Deus mulheres pastoras, porquê Ele não diz aos pastores? Por quê se Ele é o mesmo hoje, ontem e eternamente, e já sabia que cerca de 20 séculos depois da formação do cânon bíblico, não deixou expresso que era de Sua vontadade que existisse (fossem consagradas) pastoras, bispas (episcopisas), apóstolas, etc.
    Não podemos defender desejos que surgem em nossos corações, sem realmente entendermos a vontade de Deus.
    "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" Jr. 17.9
    Não podemos ser influenciados pelo filosofia humana, teorias, desejos, etc. (ver Rm 12.2)
    Se somos Batistas, então cremos na democracia, e se cremos na democracia, por quê ela não vale quando o assunto e ordenação feminina?
    A questão já foi discutida tanto na OPBB quanto na Assembléia Geral da CBB e foi derrubada em ambas, não dá pra entender o por quê da teimosia.
    Que Deus traga Paz e consolo.
    Leonardo Calixto

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  4. A meu ver há um ranço feminista muito forte nessa questão. Se as mulheres forem mais humildes e partirem prum diólogo cristão sério e construtivo será possível construir um final feliz pressa situação. Agora querer impor na marra uma aceitação, será ruim prá todos. A paciencia é uma virtude cristã e quem ama espera!

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  5. Parabens Pastora Zenilda,

    Q Deus vos abençoe e faça seu ministerio e o de seu marido 1000x prosperos.
    um forte abraço.

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  6. Pastora que saudade! Deus te abençoe. pastorataniaibt.blgspot.com

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  7. Pastor Francisco, com todo respeito eu sugiro o irmão ver Jesus como Senhor da igreja e não como um empregador que pisa na bola quando se engana no perfil do funcionário. Deus nunca erra. são os homens que não conseguem ouvi-lo. O espirito Santo pastoreia o homem através do homem. MACHO OU FEMEA.

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  8. pastora Zenilda,
    Recebi do Senhor este mesmo chamado, trabalho para o meu Deus, como pastora, sou formada em Teologia, com especialização em Pastoral e Missões, pela FTB do ABC, inclusive minha formatura foi no período em que o pastor Fernando foi diretor, a primeira turma. No entanto não tenho o título, ou melhor, não fui consagrada ao ministério pastoral, mas isso não muda em nada a minha convicção de chamado e nem me desmotiva a pastorear.
    Sou grata a Deus pela oportunidade concedida a você e ao mesmo tempo oro para que a cada dia Deus te use mais e te dê graça para superar todos os desafios de seu ministério, pois sei o quanto são grandes e difíceis.
    Beijos.

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  9. Eu agradeço a Deus pela vida das mulheres que ele tem usado para ensinar, para ajudar a restaurar vidas, para trazer pessoas arrependidas aos pés do Senhor (e a seara continua sendo grande e poucos os trabalhadores). Eu e meu marido trabalhamos em campo missionário (missões estaduais), embora seja claro, por enquanto que o chamado seja mais meu do que dele (que muito tem me auxiliado), mas reconhece em mim um forte chamado de Deus, e creio que o Senhor tem trabalhado na vida dele maravilhosamente; assim sendo, não me importo com o título, me importo em ser obreira aprovada pelo Senhor, sei que muitas pessoas por ai estão morrendo sem Deus, sem salvação, e indo para o inferno, enquanto ficam discutindo quem pode e quem não pode ser pastora.

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  10. Pastora, quero parabenizá-la por seu ministério!
    Dependa de Deus sempre e descanse nEle, o DONO da obra!
    Se Ele confiou a vc este ministério, Ele mesmo vai prosseguir
    capacitando-a para exerce-lo. Deus a abençoe profundamente com toda a sua família!

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