BLOG DA PASTORA ZENILDA


Pra. Zenilda Reggiani Cintra
As opiniões deste blog refletem a minha visão e não, necessariamente, a de outras pastoras da CBB.
Por favor, ao reproduzir textos deste blog indique o link: http://pastorazenilda.blogspot.com/. Obrigada.

domingo, 2 de março de 2025

Entrevista Pastoras 25 anos! Pra. Silvia Nogueira, Pra. Elisabete Carvalho e Pra. Zenilda Cintra

Jubileu de Prata das Pastoras da CBB:

Elas Vieram para Ficar!

Vital Sousa

Eu não poderia deixar de abrir espaço para as pastoras. É um ministério de suma importância e por isso mereceu um tratamento diferenciado da Vital Publicações ao longo de suas publicações Entrevistar estas três pastoras é um presente de Deus: Silvia Nogueira, Elizabete Teixeira e Zenilda Cintra são apóstolas de Jesus no nosso meio.

Um Jubileu tão importante não pode deixar de ser destacado. Elas têm muito o que dizer. A psicologia diz que as perguntas são mais importantes do que as respostas, eis a exceção:

Vital: Já temos pastoras batistas há mais de 25 anos e, por isso, algumas já estão se aposentando, como a Pra. Elizabete Teixeira Carvalho de Fortaleza, CE. Qual é o seu olhar do ministério pastoral batista no meio da Convenção Batista Brasileira (CBB)?

Pastora Sílvia: O ministério pastoral Batista é diverso. Há pastores fundamentalistas, conservadores e progressistas convivendo desde sempre, pensando em termos de leitura da Bíblia e compreensão teológica. Isto não é um fenômeno contemporâneo, mas parte integrante da identidade dos Batistas. Essa diversidade se aplica também às pastoras. Agora, o que se alterou drasticamente neste tempo foi que, comparando a atuação pastoral dos pastores e pastoras, as pastoras representam um tipo de pastoral menos elitista, mais próxima às congregações, mais consciente do dia a dia dos membros, porque escutam mais e melhor. Digo isso, porque, obviamente, com muitas exceções, o ministério pastoral anda esquecendo das marcas identitárias batistas. Pastores que controlam lideranças e membros com a figura de “pai espiritual”, que não respeitam o modo de sucessão pastoral, estabelecendo clãs de pai para filho nas grandes igrejas, mantendo filiais e não congregações,  são anomalias contemporâneas nascidas no estilo de ministério dos pastores e não das pastoras. Creio que este é um tempo em que os Batistas poderiam servir de referência em democracia e liberdade, mas não tem sido assim. Nesse sentido, as pastoras, sem perder sua autoridade, têm muito a ensinar. Especialmente, nas periferias onde a quase totalidade se





Pastora Elizabete: Meu olhar é cheio de otimismo. Desde 1982 faço parte de uma igreja batista e sei por experiência própria que Deus pode e deseja abençoar o ministério de homens e mulheres vocacionados, como creio que vem Dele o chamado. Temos visto um grande crescimento no Brasil todo, especialmente nas sessões que filiam pastoras.

Pastora Zenilda: As pastoras comemoraram 25 anos da primeira consagração, que foi da pastora Silvia Nogueira, em 2024. em nosso 7º. Congresso #EuDisseSim, em Brasília–DF. Foi um momento de muita emoção e gratidão a Deus porque hoje temos mais de 500 pastoras em todas as regiões do país, sendo 164 filiadas à OPBB. As pastoras vieram para ficar, com resiliência, fé e esperança!


Hoje temos mais de 500 pastoras em todas as regiões do país, sendo 164 filiadas à OPBB”


Vital: A OPBB se diz: “… uma entidade que congrega os Pastores Batistas do Brasil (CBB), visando ajudá-los a um melhor e mais eficiente exercício do Ministério Pastoral, tornando-se melhores servos de Jesus e das igrejas onde atuam”. Ao filiar parcialmente as pastoras, legitimamente consagradas pelas igrejas, negando a muitas essa possibilidade, ela está sendo injusta e discriminatória?




Pastora Sílvia: “Tu o dizes”. Vamos pensar juntos: a CBB não é o escritório de todas as suas organizações. A CBB não é a diretoria, o Conselho, nem o secretário executivo. Tirem de cena as igrejas, e todas as pessoas envolvidas na gestão destes espaços não representam nada em si mesmas. A CBB é cada igreja e congregação na grande diversidade dos Batistas no Brasil. E as ordens são igualmente satélites que orbitam no astro que importa: a igreja, até porque a experiência pastoral está intrinsecamente relacionada a uma igreja. Então, as igrejas Batistas no Brasil têm pastoras titulares e auxiliares em suas experiências comunitárias. É uma realidade denominacional. Irreversível, porque existente desde sempre e legitimada oficialmente desde 1999. Se as organizações ignoram, invisibilizam e inviabilizam a presença das pastoras em seus quadros, posso com tranquilidade afirmar que, no mínimo, estas organizações não se importam com aquilo que desejam e vivem as igrejas Batistas. Mas deveriam urgentemente se alinhar a esta realidade de nossa denominação.


“A CBB é cada igreja e congregação na grande diversidade dos Batistas no Brasil. E as ordens são igualmente satélites que orbitam no astro que importa: a igreja”


Pastora Elizabete: Injusta e discriminatória. É só olhar as leis do país. Nós temos o governo batista, que é congregacional e democrático, legitimando a escolha de tantas mulheres e homens pela igreja local. A OPBB congrega e ajuda estes e estas a exercerem de forma plena seus ministérios pastorais e deveria fazer isso em todo o Brasil, promovendo, defendendo e elevando, sendo uma mão amiga e parceira para todos, o que não acontece, infelizmente.

Pastora Zenilda: Com certeza! Não sei como os pastores, institucionalmente, conseguem conviver com tanta injustiça e discriminação. Não temem a Deus? É fácil ter uma resposta padrão e se juntarem em um lobby contra as pastoras. No entanto, Deus é maior do que qualquer ser humano e instituição. E ele continua chamando mulheres para o ministério pastoral.


“Nós temos o governo batista, que é congregacional e democrático, legitimando a escolha de tantas mulheres e homens pela igreja local”


Vital:  A Pra. Odja Barros, quando ainda era da CBB, caracterizou a OPBB como uma desordem. Apesar da piada inteligente, não se pode comparar o nome de instituição com o antônimo de um subjetivo. E a OPBB não é uma desordem. Mas... a decisão de filiar pastoras deixando as decisões para as subseções/seções não é uma desordem?

Pastora Sílvia: Ora, todos sabem que foi uma decisão política e não necessariamente coerente com a realidade denominacional. Mas os colegas podem sempre rever decisões que não fazem sentido e comprometem o avanço do Reino.

Pastora Elizabete: As Seções e Subseções deveriam seguir a orientação da Ordem Nacional, mas a Ordem Nacional é omissa tantas vezes com o MPF e o que temos é essa situação de invisibilidade que, ao meu ver, isso não muda mais. Temos uma acomodação da realidade pela qual passam as pastoras no Brasil Batista pela OPBB e nós caminhamos como grupo, crescendo dentro do que é possível e marcando a história, como tem acontecido até aqui nesses últimos 25 anos desde que a primeira pastora foi ordenada.

Pastora Zenilda: Acredito que a OPBB hoje é refém das grandes seções, cujas lideranças que permanecem são extremamente conservadoras e os pastores que pensam diferente, e não estou falando em liberais, são ignorados e acabam se afastando. Assim, o pensamento fica hegemônico e excludente. Talvez nem todos da liderança sejam radicais e até já tenham esse esclarecimento a respeito da legitimidade das pastoras. No entanto, não se posicionam publicamente por temerem as retaliações.




Vital: Qual a contribuição que o pastorado feminino tem dado às igrejas, apesar de todas as críticas e violências que as pastoras e suas igrejas recebem?

Pastora Sílvia: Como já disse, as pastoras em geral desenvolvem um estilo de ministério mais humano e horizontal. Esta, por enquanto, é nossa contribuição mais visível. Afinal, o desejo de servir sempre ficou acima inclusive da nossa dignidade. O desejo de servir sempre foi o escudo diante das violências (inúmeras),injúrias e deslealdades. Penso que os colegas se aproveitaram (e ainda se aproveitam) dessa característica da obediência das mulheres ao Mestre e à vocação para usufruírem de seus dons sem as honrar, inclusive, financeiramente. Podem se justificar como quiserem, mas este comportamento indigno com as mulheres em liderança precisa deixar de existir.


O desejo de servir sempre foi o escudo diante das violências (inúmeras), injúrias e deslealdades”


Pastora Elizabete: A contribuição é a mesma que os colegas fazem. Pregamos, visitamos, ensinamos, aconselhamos, pastoreamos a igreja com todadedicação e esforço. É só constatar e ver o que esses quase 30 anos últimos têm para mostrar ao Brasil Batista.




Pastora Zenilda: Precisamos pensar que as pastoras enfrentam os mesmos desafios que os pastores. Lutam com as mesmas dificuldades e ainda se acrescentam as perseguições locais e, muitas vezes, o assédio aos membros. Mesmo assim, Deus tem abençoado e as igrejas crescem e se fortalecem. Além disso,elas servem como espelho para muitas meninas que crescem nas igrejas e podem se inspirar no exemplo dessas mulheres valorosas, corajosas e submissas à vontade de Deus.

Pergunta 5: Mateus 19:26 diz que para Deus nada é impossível. Com base nas palavras de Jesus, como entender os que defendem que Deus não pode alguma coisa, como chamar mulheres para serem pastoras, na hora que Ele quiser e entender? São maiores do que Deus?

Pastora Sílvia: Irmãos e irmãs, quem sou eu e quem são vocês para dizer o que o Deus revelado nas Escrituras pode ou não fazer? Cada um dará conta de sua compreensão a Ele no Grande Dia. Agora, em termos denominacionais, temos um norte: a escolha do ministro(a) é uma decisão da igreja. E a igreja é a denominação.


Cremos na Soberania Divina e que Ele chama homens e mulheres de acordo com seus propósitos soberanos e eternos.


Pastora Elizabete: Nós não temos problemas com essa questão. Cremos na Soberania Divina e que Ele chama homens e mulheres de acordo com seus propósitos soberanos e eternos.

Pastora Zenilda: Acredito que os pastores deveriam estudar mais e não somente para reforçar o que já creem, mas para ampliar o entendimento dos assuntos, no caso a questão do ministério pastoral feminino. Um dos equívocos, por exemplo, é ligar a consagração de mulheres ao liberalismo. É cômodo e atrai muita oposição. Mas não é o caso. As mulheres serviram a Jesus e foram líderes importantes na igreja cristã primitiva.





Vital: Dê as suas considerações finais.

Pastora Sílvia: Irmãos e irmãs, colegas de ministério, os desafios deste tempo, os éticos, climáticos, políticos e cotidianos, precisam ser respondidos por homens e mulheres comprometidos em servir a Deus e as pessoas (e não a si mesmos), a amadurecer na experiência do Evangelho, na imitação misericordiosa de Jesus Cristo e não nos embaraços oriundos dos ódios, dos medos, do desejo de poder e dos egoísmos. Nós podemos mudar sempre. E pra melhor!

Pastora Elizabete: Agradeço à Igreja Batista Esperança, Fortaleza, CE,  pelos 30 anos de reconhecimento da minha vocação pastoral (seminarista, auxiliar e pastora titular por 26 anos) e por respeitar meu desejo de concluir esse ciclo vitorioso agora no último dia 04/janeiro/2025.

Para as futuras gerações de mulheres vocacionada digo que estarei à disposição para encorajamento e apoio diante dos desafios que o chamado requer de cada uma.


“A OPBB como instituição deveria pedir perdão às pastoras por todo o mal que vem infligindo a elas nesses quase 26 anos”


Pastora Zenilda: A OPBB como instituição deveria pedir perdão às pastoras por todo o mal que vem infligindo a elas nesses quase 26 anos. Foram muitas e muitas manobras políticas e carnais para obstruir a caminhada delas, inumeráveis. Somos cientes da hipocrisia de muitos líderes dizendo-se apoiadores e não sendo, tudo em nome de uma carreira denominacional. Somos cientes também das resoluções tomadas e não divulgadas que enganam as igrejas e pastores, tanto da CBB quanto da OPBB, e também do sumiço de Atas e Estatutos que favorecem as pastoras. Somos cientes também daquelas que, entre nós, trabalham contra nós visando comer das iguarias da mesa que, na verdade, nunca chegam a elas. No entanto, Deus continua sendo Deus, num alto e sublime trono, Soberano, a quem amamos e servimos de todo o coração.

(Entrevista publicada originalmente em: https://acrobat.adobe.com/id/urn:aaid:sc:US:a1f7d681-974a-4970-89aa-41ac1cd15ba1?x_api_client_id=edge_extension_viewer&x_api_client_location=share)


Nenhum comentário:

Postar um comentário