A Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, OPBB, tem sua sede no Rio de Janeiro, RJ, nas dependências do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, e tem as suas seções, 32, e subseções em todos os lugares onde há uma convenção batista estadual/regional. Ela segue o modelo da OAB (talvez porque muitos pastores sejam advogados).
Em janeiro de 2007, a OPBB, reunida em Florianópolis, SC, rejeitou o ingresso das pastoras. Em janeiro de 2008, em São Luiz, MA, a OPBB proibiu as seções e subseções de participarem da ordenação de pastoras uma vez que estava crescendo muito o número das que estavam participando de concílios. Houve casos, como por exemplo em Alagoas, que o concílio foi suspenso na última hora, deixando a candidata em uma situação muito constrangedora e a sua igreja também.
Nesses últimos anos, os pastores têm participado de concílios de mulheres convocados por igrejas por iniciativa individual, o que exige uma dose muito grande de coragem dos pastores e igrejas que solicitam esses concílios e que dificulta muito a realização deles. Há também em muitos lugares o costume, recente, que também me cheira a anti-pastoras, que realiza o concílio nas sedes das subseções ou associações ou ainda convenções, impedindo a igreja de participar do concílio dos candidatos indicados por elas e dificultando, ainda mais, o concílio de mulheres. Um absurdo!
Em janeiro de 2013, em Aracaju, SE, houve a solicitação, através da Comissão de Assuntos Eventuais, de que todas as pastoras, que quiserem, tenham o direito de requisitar sua filiação à OPBB. Havia a esperança, ainda que remota, de que o assunto já fosse votado naquela mesma Assembleia da OPBB. A Comissão optou por dar o parecer, aceito pelo plenário, de adiar a votação para João Pessoa, PB, em janeiro de 2014. Tudo bem.
O que causa preocupação, à esta altura, é o burburinho de uma possível consulta, ou pesquisa, junto às seções e subseções, para saber o parecer delas sobre o assunto, para ai então trazer para a votação. Para mim, cheira a manobra dos anti-pastoras para adiar o assunto indefinidamente. Por que consultar as seções agora? Quando foi interessante para os líderes de então suspenderem os direitos das seções e subseções de examinar e filiar candidatas, a OPBB fez isso para que não crescesse o número de pastoras e agora querem dar autonomia às seções para opinarem? Se alguma consulta, ou pesquisa, fosse feita deveria ser do povo batista, das igrejas, que irão usufruir, ou não, do pastoreio das mulheres. Minha opinião, na época, foi que deixassem as seções livres, uma vez que a aprovação ou não de candidatas refletiria o progresso do assunto na região ou estado, o que nem foi considerado em nenhum momento.
Os anti-pastoras que hoje estão no poder não se expressam de maneira clara. Eles se omitem de opiniões, às vezes até parecem que são favoráveis às pastoras, mas na hora em que o posicionamento deles é decisivo votam contra. Quando eles opinam, ninguém sabe se são contra ou favor, mas falam mansamente, cheios de argumentos, mas no final não querem que as pastoras façam parte da OPBB, ainda que elas já façam, algumas, que nem aparecem nas estatísticas para não oficializar o assunto.
A grande preocupação é que o movimento anti-pastoras dos últimos anos, orquestrado por líderes ligados à OPBB, resultou na liderança das seções e subseções serem compostas, em sua maioria, por pastores que não concordam com a ordenação feminina. Grande parte dos pastores que aceitam pastoras estão excluídos desses processos, o que certamente dará um resultado equivocado a respeito da filiação de pastoras na OPBB.
É tempo de parar com manobras. O assunto precisa ser votado em João Pessoa e ponto final. Percebo que há na diretoria da OPBB uma tendência para que isso aconteça, mas não podemos ignorar as pressões que recebem de pessoas bem ou mal intencionadas. Seja qual for o resultado da votação, e teremos que arcar com suas consequências, deve ser procurado com transparência e objetividade, sem subterfúgios e nem manobras políticas ainda que venham com aparência de diálogo e democracia.
Que a OPBB imite também a OAB nesse quesito, que desde 12 de julho de 1906 tem mulheres em seus quadros, portanto há 107 anos! A OPBB está apenas com mais de um século de atraso (A Primeira Advogada do Brasil).
(Pra. Zenilda Reggiani Cintra, blog da Pastora Zenilda)
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