BLOG DA PASTORA ZENILDA


Pra. Zenilda Reggiani Cintra
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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

RESPOSTA A UMA MULHER CONTRÁRIA AO PASTORADO FEMININO

"Em um debate na web, uma mulher preparada para o ministério, capaz, atuante, posiciona-se contra o pastorado feminino, como é muito comum.Acredito que a resposta do Pr. Helmuth Scholl pode nos dar uma visão madura do assunto)

"Gostei muito das suas palavras. Sábias e ponderadas. Admiro mulheres como a irmã: Inteligente, líder, capaz, batalhadora, de fibra, como a maioria das mulheres. E humilde ao mesmo tempo. Acredito que suas palavras expressam muito bem a sua realidade. Fico feliz pelas suas experiências ministeriais. Mas infelizmente não é a realidade de muitas mulheres que Deus chama e que labutam no ministério que receberam do Senhor, seja qual for. Nesse Brasil há muitas injustiças cometidas por homens contra as mulheres. Inclusive entre nós batistas. E por pastores. Há muitos pastores que são o que são, graças à esposa que têm. Fazem o que fazem, graças à esposa que têm. Ela pega junto, trabalha, faz mais que o pastor, muitas vezes. Mas é ele quem recebe as homenagens, os elogios, os presentes, etc. E ela precisa se contentar em ver seu marido sendo elogiado, graças à contribuição que ela dá ao ministério dele.

Não estou dizendo que as mulheres devem disputar espaço com os homens. Não sou a favor do feminismo. Mas também não concordo com o machismo. O casal, como você mesmo disse, desse se completar. É lindo vermos um casal pastoral trabalhando assim, em harmonia.

É louvável a sua posição, quando diz que não precisa de títulos. É louvável, também, quando se sente valorizada pelo seu ministério na igreja. Mas mais uma vez: infelizmente essa não é a realidade. Tem muitos homens pastores, contrários à ordenação feminina, dizendo que as mulheres não precisam de ordenação para exercerem seu ministério. Mas eles não abrem mão de ostentar que são pastores.

Não acho que todas as mulheres que estão no ministério deveriam ser ordenadas pastoras. E sei, também, que muitas nem querem. Como é o seu caso, e o da minha querida esposa também. Ela é uma bênção no que faz!!! Sempre foi meu braço direito no ministério por trinta anos, no PR, em SC e no RS. No entanto, nos últimos anos, desde que trabalho como executivo na Convenção, ela sentia-se totalmente deslocada, sem encontrar o seu lugar. Até que, no início deste ano, ela foi convidada pela Junta de Evangelismo e Missões da Convenção para ser missionária num projeto de plantação de igreja. Como eu viajo muito, estou em casa apenas um ou dois domingos ao mês. Oficialmente sou o responsável, o líder, o pastor da congregação. Mas quem faz o trabalho de fato, é minha esposa. Ela é pau pra toda obra, como diz o ditado. Faz visitas, discípula, faz estudos bíblicos, lidera pequenos grupos, aconselha, faz palestras, trabalha com as mulheres, canta, rege coral, toca teclado, dá aula de música, lidera os seminaristas, faz a limpeza, etc., etc. E quando precisa, ela também prega. E como prega! Ela nunca desejou ser ordenada. Nem como educadora religiosa. Nunca pensou em ser pastora. Nem quer falar no assunto. Mas muitas pessoas novas na congregação a chamam naturalmente de pastora. Por que brigar sobre isso? Para essas pessoas ela é pastora, de fato. Mais que eu, que estou ausente. Mesmo que, oficialmente, eu sou o pastor da congregação. É ela quem as visita, quem as discípula, ensina, quem ora com elas. É a ela que recorrem com seus problemas e dúvidas. É com ela que as pessoas se abrem e confiam nela.

Por outro lado, eu sou o líder em casa. E sou pastor também. Mas atualmente tenho outro ministério, além da igreja local. Cuido mais de pastores; especialmente dos missionários da Convenção. Não há nenhum conflito entre minha liderança e a dela. E se ela fosse ordenada pastora, nada mudaria na prática.

Creio que também nada mudaria, se você fosse ordenada pastora. Se fosse pastora auxiliar na igreja, em vez de educadora cristã. Você não se sente responsável diante de Deus pelas pessoas que lhe são confiadas no seu ministério? Ou Deus não vai lhe pedir conta delas pelo fato de você ser apenas educadora cristã e não pastora auxiliar na igreja? Mudaria alguma coisa no seu relacionamento com os membros ou com o pastor titular da igreja, se você fosse pastora auxiliar e não educadora cristã? Você não faz parte da equipe ministerial da sua igreja, da mesma forma que outros pastores, talvez das congregações da sua igreja?

Você diz que fica um tanto estranho uma pastora ser casada com um diácono, por exemplo. Concordo. Não estamos acostumados a isso. E nem sei se um dia vamos nos acostumar. Mas ele é mais um problema social, do que espiritual ou teológico. Permita-me dar um exemplo: Digamos que um casal, ambos são advogados. Ambos fazem concurso e a esposa passa a ser juíza. Ele continua sendo advogado e atua na mesma comarca onde ela é juíza agora. No fórum ele precisa respeitá-la como juíza. Ele perde sua liderança em casa, como “chefe” da casa, por isso? Creio que não. Outro exemplo: O casal, ambos trabalham na mesma escola. Ele é coordenador pedagógico e ela é professora. Depois ela passa a ser diretora da mesma escola. E por isso é chefe dele, agora. Isso significa que em casa ela será chefe também, de agora em diante?

Nenhum homem é bom em tudo. Nenhuma mulher, também. O casal precisa complementar-se. Não disputar espaço. Por exemplo, há homens que são péssimos administradores. Por isso delegam a responsabilidade de administrar as finanças da casa à esposa, que é muito boa nisso. E as finanças da família vão muito bem, dessa forma. E nem por isso o marido deixa de ser o responsável diante de Deus, pela sua família. Outros homens não abrem mão de eles mesmos liderarem as finanças; que vão de mal a pior.


Portanto, minha amada irmã. A vida é muito complexa. Há muitas e diferentes situações. Se uma mulher diz que recebeu o chamado de Deus e a igreja o reconhece e a convida para participar do seu ministério; qual a diferença se ela for convidada para ser educadora cristã, ministra de música, pastora de crianças ou de jovens, ou, simplesmente, pastora auxiliar? Não creio que essa igreja esteja se desviando da Palavra de Deus (como alguns pastores dizem) apenas porque reconhece o ministério dessa mulher e a chama de pastora e não por outro título".

2 comentários:

  1. Livrando Paulo de PAULO

    (1Cor 14,33b-36)

    33bAssim como em todas as comunidades dos santos, 34as mulheres devem silenciar nas reuniões comunitárias; a elas não é permitido (a partir da ordem vigente) falar. Antes devem se sujeitar, assim como a tradição judaica também o afirma. 35Mas, se elas querem se informar sobre algo, devem perguntar em casa a seus maridos; pois choca se uma mulher toma publicamente a palavra. 36





    Dificilmente algum texto das epístolas principais, com relação a nossas questões, é mais citado - e sobrepuxado! Todos o conhecem. Muitas leitoras ainda hoje se sentem inseguras com ele - isso abstraído da prática da "prédica" de uma agente de comunidade. Nossa análise chega ao resultado de que a "reunião/ekklesia" cristã pode se dar de cinco formas distintas:

    1. Culto da Palavra de Deus: 1Cor 14,26-33.

    2. Partir do pão: 1Cor 10,16.

    3. Refeição comunitária - "ágape": 1Cor 11,20.33.

    4. Ensino - "casa de ensino": cf. At 17,11.

    5. Aconselhamento e decisão: cf. At 6,1-5; 15; 20,17-38.

    O último é, em sentido estrito, "reunião da comunidade", onde perguntas sobre a vida da comunidade eram discutidas e decididas. Tal revisão corresponde ao conceito ekklesia, que provém do âmbito profano - (originalmente soberana) "reunião do povo" de uma cidade grega, conforme mencionado em At 19,39. Assim, na escolha dessa palavra reflete-se justamente o fato de a reunião cristã no meio deste mundo entender-se como o "povo de Deus" soberano, como a universal e estendida qahal jahwe. Tais "reuniões" são também os endereços primeiros das cartas do Apóstolo. Estas não foram pensadas como textos litúrgicos no culto. Elas geralmente exigem um diálogo e uma decisão. Em tais "reuniões do povo" com caráter de discussão e decisão, as mulheres, pelo menos entre os gregos, não deveriam estar presentes; e menos ainda falar publicamente. As sociedades cúlticas helenistas diferenciavam as chamadas "reuniões principais" e as reuniões cúlticas e, de acordo com o tipo de sociedade, poderiam ter uma diferenciação semelhante sobre a participação das mulheres. Para a reunião comunitária cristã, o exemplo judeu-cristão é normativo, e nele as mulheres de fato não tinham direito de participação. Desse modo, representou um verdadeiro "passo à frente" quando no âmbito helenista mulheres puderam estar presentes nos aconselhamentos. Isso certamente tem algo a ver com a nova fraternidade e irmandade em Cristo, bem como a maior autonomia da mulher helenista.

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  2. CONTINUAÇAO

    Com isso resolve-se primeiramente a contradição surgida com 1Cor 11, segundo o qual a mulher podia falar. Mas lá se pressupõe um orar em voz alta e uma fala profética. Trata-se, pois, de uma contribuição para o culto, enquanto em I cor-14 a mulher quer "experimentar algo". Esse é certamente só o primeiro nível para o "falar junto" em aconselhamentos. Porém tal perguntar (ainda) é malvisto não somente na "vida pública" judaica, mas também na grega. E é isso que se quer dizer com "falar na reunião" (en ekklesia) no v. 35. Nesse contexto, ekklesia tem três significados:

    "Comunidade" como corporação (v. 33b);
    "Reunião da comunidade" (v. 34a) conforme o modelo de conselho comunitário (se esse fosse ao mesmo tempo uma reunião plena dos homens); e
    O abstrato "em reunião" = público.
    A partir da "ordem comunitária" (cf. 14,36 com 11,16) a todos conhecida, não "é permitido" às mulheres tomar a palavra "em aconselhamentos" (publicamente). A referência à Lei, porém, não significa aqui um retrocesso ao pensamento legalista do velho Saulo, mas apresenta, ao lado do "sentimento" comum, as regras vigentes entre os gregos e a ordem comunitária cristã, bem como a tradição judaica, como pontos de orientação - assim como em 1Cor 9,8s. Nesse caso não se quer comprovar um "mandamento" na Escritura, mas somente uma ordem da tradição judaica. Com isso Paulo justamente esclarece não se tratar aqui de uma questão de fé, nem de um elemento de revelação sobre a essência do homem e da mulher, mas apenas de regras de comportamento humano que se orientam pela tradição e por certo são temporalmente condicionadas.

    Apesar da valorização da mulher na comunidade cristã (recebe agora no batismo o mesmo "sinal da aliança" que o homem: At 5,14; 8,12; 16,15), e com isso obviamente não se revoluciona todo o comportamento de gênero na comunidade. Paulo quer tomar posição acerca do fato de algumas mulheres, com base nas novas liberdades, extrapolarem os limites – (Situaçao especifica de corinto uma aplicação circunstancial) com aquelas pessoas que "buscam discussões" (mulheres e homens). devem submeter-se primeiramente à reunião comunitária, Assuntos que se tratam em casa.



    Hoje gostaríamos de perguntar: por que Paulo não questiona radicalmente a "ordem"? Por que não pensa a liberdade em Cristo até o fim? Ora, isso traria problemas de credibilidade para o movimento nascente. Assim como em 1Cor 11, a partir da fundamentação daquela admoestação acerca da cabeça, não podemos fazer uma questão de ordem divina, da mesma forma não se proclama em 1Cor 14,33b-36 uma ordem de essência. Paulo somente não quer que essas mulheres façam algo comunitariamente considerado aischron/indecente,e inadequado para a sociedade de entao. E, pelo fato de ser indecente e contradizer à ordem da comunidade, Assim, pelo mesmo princípio segundo o qual Paulo em sua época proibiu o "falar junto", hoje que mulheres são lideres de nações, ele não somente permitiria tal coisa, mas até a recomendaria, Paulo acompanha a Sociedade para evitar escândalo, diferente da igreja institucional atual que se mantém antiquada a sociedade que vive.

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