Sou chamada muitas vezes de irmã. Principalmente por membros do clero institucional, ou seja, por aqueles que hoje fazem parte do ministério pastoral masculino. Mas não somente por eles, como também por outras pessoas que não reconhecem em minha vida o dom pastoral. Os motivos podem ser muitos: cultura, preconceito, falta de percepção, visão teológica equivocada, descuido, mas acredito que o principal, consciente ou não, é o não reconhecimento da autoridade simbólica, espiritual que a função traz.
Não digo que não me importo. Tem dias que sim, tem dias que não. Muitos atribuem essa reivindicação, que faço, a desejo de poder ou de ser reconhecida. Outros dizem que tenho uma postura de vitimização, ou que sou herege, ou que sou orgulhosa. Já li o argumento de que as mulheres querem ser pastoras por vingança. Vingança da dominação masculina, vingança de autoridade, vingança por negação de espaço. Freud explicaria e essa teoria é antiga e ultrapassada. Enfim, já recebi as mais diversas rotulações.
Amo ser chamada de pastora. Primeiro, por que sou. Segundo, por que Deus me chamou para esse ministério. Terceiro, porque gosto quando reconhecem que minhas ações são pastorais. Quarto, porque o reconhecimento é justo e, em último lugar, porque é algo necessário para esse estágio do ministério pastoral feminino, na minha visão. É preciso que as igrejas, as pessoas, se acostumem a ver pastoras, chamar mulheres de pastoras, a reconhecer o dom pastoral feminino, a autoridade espiritual outorgada por Deus.
Por que uma mulher deve ser chamada de pastora?
Porque ela é vocacionada por Deus. Essa é a essência de tudo. Ela não é pastora porque quer, em primeiro lugar. É pastora porque Deus chama homens e mulheres. A Palavra está cheia de exemplos de mulheres chamadas para cumprirem ministérios no Reino de Deus e hoje isso inclui o ministério pastoral.
Porque essa mulher atendeu ao chamado de Deus. Não é fácil para uma mulher atender o chamado de Deus. A Pra. Marli Terezinha O. Mette, pastora em Santa Catarina, escreveu: “Como lutar contra o chamada de Deus? Até mesmo para nós, mulheres pastoras, foi um quebra de paradigmas, em um primeiro momento, porque até essa posição era difícil aceitarmos devido a anos de aprendizados culturais, do não pode, que nos foram impostos pela sociedade eclesiástica. Após a aceitação da vocação, sem duvidar, acatar a decisão da igreja, que é soberana, sem falar no concílio em que, após ser examinada por 25 pastores de minha secção, ser aprovada e receber desses homens de Deus a imposição de mãos. Uma vez sendo ordenada, olhar para a Palavra de Deus recebendo dela conforto e consolo para a luta de cada dia”.
Porque se preparou para isso. Para as mulheres chamadas, o preparo também é necessário e uma exigência, não somente institucional, mas da grande maioria das igrejas. Não é fácil para uma mulher enfrentar cursos teológicos em um ambiente predominantemente masculino e sem a perspectiva, na grande maioria das vezes, de ser ordenada e ter uma igreja para exercer o ministério. Mas o preparo é necessário para um ministério eficaz e em longo prazo.
Porque uma igreja reconheceu sua vocação. A igreja é autônoma, pelo menos no sistema batista da CBB. As que consagraram pastoras é porque reconheceram nelas o chamado de Deus e discerniram a necessidade do ministério a ser desempenhado por elas no meio da igreja.
Porque ela exerce o ministério pastoral. Na maioria das vezes, uma mulher é ordenada quando já provou que é capaz de desenvolver o ministério pastoral. Acontece exatamente ao contrário do homem: o homem primeiro é ordenado e depois prova que é pastor. A mulher prova que é capaz, pelo Espírito, de ser pastora e depois é ordenada.
Não posso obrigar ninguém a chamar-me de pastora. “Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor”(Zac 4.6). Certamente, “... o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá” (I Pd. 5.10).
Paz...
ResponderExcluirParabens pelo post. Jesus Cristo continue te abençoando.
Olá Querida...
ResponderExcluirEu estou no ministerio ha muitos anos, atualmente na PIB de cuiabá, sei que as pessoas me tratam e me respeitam como pastora, mas na igreja sou ministra... Leio sempre seus artigos e sonho com o dia em que poderemos fazer o ministerio pastoral sem ter que darmos explicação porque nascemos mulher.
Beijao q Deus continue te abençoando. Erinalva