BLOG DA PASTORA ZENILDA


Pra. Zenilda Reggiani Cintra
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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

UM TEXTO FORA DE CONTEXTO QUE VIROU PRETEXTO


Pr. José Miguel Aguilera



1ª. Tm: 2:11: " A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. 12 Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. 13 Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. 14 E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. 15 Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação".
 
Prezadas pastoras


Com certeza este texto supracitado deve ter sido usado centena de vezes para questionarem seu ministério e oficio pastoral. Imagino como foi o bombardeio de idéias e criticas nada caridosas. E eu sei que isso deve acontecer até hoje.
Confesso que este foi um texto que me impedia aceitar o ministério feminino, especialmente quando se relacionava ao ministério pastoral. Mas quando fui convidado participar num debate, onde eu defenderia o pastorado feminino, o meu medo acabou. Após estudos e oração cheguei a uma total convicção de que a mulher também pode exercer o pastorado. Neste e nos próximos post estarei tratando este texto e outras questões sobre o tema. Espero ser coerente no método hermenêutico, seguindo pressupostos claros e o mais próximo dos contextos: histórico, lingüístico, gramatical, teológico,social, cultural etc. Isso deve ser feito pois a maior falácia na exegese, segundo D. Carson é o uso de uma palavra isolada do seu contexto geral.
O pesquisador bíblico deve fazer a primeira pergunta ao texto: Qual foi a possível compreensão que o primeiro ouvinte ou leitor teve quando se encontro com esta orientação? Qual foi a compreensão do “primeiro leitor” quando leu o texto pela primeira vez? Para achar a resposta, se requer um pouco de esforço para observar os círculos hermenêuticos da compreensão do texto; visto que o texto não foi escrito primeiramente para o leitor do século XXI Então avancemos
Primeiro, o texto nada diz a respeito da função pastoral, de alguma forma de liderança ou de alguma atividade cúltica congregacional. Embora trate de exercícios espirituais estes não são atos exclusivos das reuniões cúlticas
Segundo, O versículo 12 na sua estrutura literária paulina é um parênteses e também temos neste texto um quiasmo (Cf Tyndale Bulletin 44.1 (1993) 129-142.). Isso fica mais claro na leitura do texto grego. Aqui se dá a entender que a ênfase do texto não está no ensinar mas que a mulher deve aprender da parte do marido. Nesta questão não trata a questão da “autoridade de liderança eclesial” Se assim fosse a mulher não ensinaria em nenhum lugar nem mesmo as mulheres.
Terceiro, Deve ser observado o contexto anterior, neste caso os textos 2:3-7. O tema é soteriológico e não eclesiológico. O versículo 15 também trata uma questão soterologica de difícil interpretação. As versões modernas colocam como cabeçalho alguns temas eclesiológicos os quais o texto não trata. Sabemos que Paulo escrevia cartas literárias e não textos divididos por capítulos e versículos. Esses cabeçalhos conduzem o leitor equivocadamente nalgumas interpretações como é neste caso textual
Quarto, Sendo o assunto ligado a soterologia e desde o inicio Paulo esta falando de “falsos mestres”; “falsos ensinos” (1:3-4) então deve ser procurada a interpretação do texto supracitado nesta vertente de ensino soteriológico na igreja. O texto paulino deve ser entendido à luz do contexto apologético que Paulo trata.
Além do mais, o mesmo deve ser relacionado aos ensinos gnósticos que eram pregados na cidade de Éfeso. Ao mesmo tempo sem esquecer a participação do ensino e aprendizado das mulheres no mundo gnóstico e das religiões de mistério. Desta forma haverá mais luz na compreensão do ensino paulino relacionado a mulher neste texto. Como foi dito o texto não trata de questões de liderança e de oficio pastoral.
Quinto, Geralmente a discussão tem sido focada exclusivamente no uso da palavra “autoridade”. Embora toda palavra deve ser entendida dentro da construção duma frase é importante afirmar que o NT grego usa diversas palavras que na língua portuguesa são traduzidas como “autoridade”. A palavra usada aqui não é usada noutro lugar do NT grego e o seu uso é raro no grego clássico. Isso também deve ser considerado. Por que este hapax legomena? Este ponto será tratado noutro post
Concluo que aqueles que usam este texto para se opor ao ministério pastoral da mulher estão usando texto fora de contexto e assim têm um pretexto para não ordenar mulher na função pastoral. Lamentavelmente o tradicionalismo religioso tem cegado muitos cristãos na compreensão exegética da bíblia. Arvorando-se como aqueles que obedecem as Escrituras Sagradas esquecem-se dos abismos hermenêuticos que existem na leitura e interpretação dos textos.
Desejo as minhas colegas pastoras sucesso na empreitada ministerial. Esta já é difícil no mundo contemporâneo. Porém, é mais triste quando os obstáculos advém do mesmo lado. Sucesso e vitorias.

2 comentários:

  1. Excelente exegese. Tenho o mesmo ponto de vista, aliás, quem seguir os princípios exegéticos coerentemente também terá.
    O ministério pastoral é tratado biblicamente sem enfase no sexo do pastor, embora as evidências mostrem que os primeiros pastores eram homens, isso não representa uma proibição ao ministério feminino, mas também não o reconhece diretamente, portanto, penso que discutir se a mulher pode ou não ser pastora conforme a bíblia é assunto sem fim pois não há ordem explicita quanto ao sexo do ministro no texto sagrado.
    Durante debates sexistas, nossas convenções deixam de pregar o evangelho, preocupando-se com reservas, ou cotas ministériais, enquanto isso o Diabo continua levando muitas pessoas ao inferno pois há poucos ceifeiros.
    Deus a abençoe!

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  2. Exegese parcial e equivocada do nosso amigo. Esqueceu de ver o contexto posterior e de fazer a divisão analítica do texto, como também em mostrar qual o tema central de 1° Timóteo. Ele mesmo elaborou uma exegese sem ter o contexto inteiro em mãos...

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