Conselho da OPBB reunido nos dias 18 e 19 de novembro de 2013 |
A Pra. Diana Flávia, secretária da OPBB, informando a respeito da reunião do Conselho da OPBB, acontecida nos dias 18 e 19 de novembro de 2013, assim se expressou a respeito do assunto filiação das pastoras na OPBB:
"Na reunião do nosso Conselho tivemos discussões a respeito. A maioria das seções é favorável à filiação. Temos algumas seções que ainda não fizeram uma pesquisa entre seus filiados para saber qual a posição da maioria de seus membros (não de seus dirigentes) e as que são ferrenhamente contrárias, a exemplo de São Paulo. Mas é fato que a maioria das seções aprova o recebimento das demais Pastoras. Há um caso em que a vice-presidente da seção é uma Pastora. A consultoria jurídica feita aponta que não há mais como impedir o ingresso das Pastoras na OPBB. Creio que isso também influenciará numa decisão final. Esta decisão se dará aqui em João Pessoa-PB, em janeiro próximo, com a apresentação de todo esse material, e mediante votação da plenária".
Segundo um levantamento do número de pastoras por estado, São Paulo tem 21 pastoras nas igrejas batistas e deve haver mais, já que esses dados se referem a junho de 2013. Além disso, há um certo número de mulheres que aguardam a decisão da OPBB para serem conduzidas ao processo de consagração ao ministério pastoral.
Nasci em São Paulo, na cidade de São Caetano do Sul. São Paulo é um mistura de culturas, como todos já sabem, tanto nacionais como internacionais. O Grande ABC, região metropolitana da capital paulista, é uma mistura de nordestinos, italianos, portugueses, japoneses e povos eslavos, entre os que mais predominam, e assim o cenário se repete em outras regiões do estado, com algumas diferenças.
No cenário batista também não é diferente. Ao contrário de outras regiões do pais onde predominou a influência americana do Sul, em São Paulo há uma mistura de influências. Minha experiência começou com batistas eslavos, vindos da Letônia, Ucrânia, Rússia, e também de alemães e o crescimento das igrejas na região se deve em grande parte à influência e trabalho deles. Assim é também em muitas outras regiões do Estado.
Minha tese, particular, fruto de observações e vivências e não de pesquisas, quero deixar claro, é que isso originou os mais diversos perfis de pastores. Durante muitos anos, ter um curso médio de teologia, por exemplo, era suficiente para um pastor ser ordenado. Surgiram muitos seminários das mais diversas linhas teológicas, chamados de batistas ou não, formando os pastores das igrejas batistas.
Há uma falta de educação continuada para pastores e quando ela existe é, na maioria das vezes, para reforçar os conceitos e não examiná-los. É impressionante como ganha espaço entre os pastores a teologia que coloca a mulher em posição inferior ao homem no que se refere às funções eclesiásticas e que revoga a cidadania da mulher batista. Outra questão é como a teologia reformada, especialmente a linha contrária às mulheres na liderança, ganha simpatia entre os pastores e igrejas batistas. Talvez porque a CBB tenha sido sempre muito mais ligada à expansão das igrejas por meio dos missionários americanos, ela não tenha muito ascendência sobre as igrejas em São Paulo. Isso também faz com que decisões da CBB sejam muito pouco consideradas por muitas igrejas e pastores. É mais fácil estarem ligados ao pastor fulano de tal, ou a tal projeto ministerial ou ainda de algum seminário que nem batista é do que no caminhar da CBB.
Eu lamento. Lamento que o meu estado de origem tenha esse posicionamento "oficial" ou "extraoficial" diante da OPBB e CBB. Sei que não reflete a totalidade dos pastores já que muitos deles têm levado mulheres à ordenação, mas infelizmente eles não têm força para vencer esse conceito. O que mais me aborrece é esse argumento orquestrado de que "pastoras não estão nos escritos neotestamentários", como se pastores, como vemos hoje, estivessem, ou ainda a estrutura eclesiástica de nossas igrejas, ou ainda Lutero e os reformadores e alguns teólogos citados exaustivamente. É incrível o contrassenso de certos argumentos rasos que se usam para recusar o ministério das pastoras.
E seguimos em frente. Já somos mais de 160 pastoras, glória a Deus! E muitas outras virão. As vezes os obstáculos parecem intransponíveis mas "com o meu Deus posso transpor muralhas"(Salmo 18.29).
Eu acopanho a discussoes na lista do Vital, é desestimulante ver tantos pastores cegos, literalistas e que ainda se acham "a serviço de Deus" sobre mulher na liderança, existem boas obras já Li, Maria, Jesus e Paulo com as mulheres textos, interpretações e história autora. Ivoni Richter Reimer
ResponderExcluirhttp://www.paulus.com.br/loja/maria-jesus-e-paulo-com-as-mulheres-textos-interpretacoes-e-historia_p_3217.html
MULHER E HOMEM EM PAULO - LOYOLA SUPERACAO DE UM MALENTENDIDO NORBERT BAUMERT.
A mulher Israelita- Papel social, e estilo de narrativas - Paulinas.
ESTE É UM BOM ARTIGO DO MARTIN DREHER- Prof na Escola Superior de Teologia.EST
ResponderExcluirMulheres, e a imposição masculina no Novo Testamento.
As exposições da historia do cristianismo primitivo partem, por via de regra com a pressuposição de que os missionários primitivos e os dirigentes da igreja antiga foram apenas homens e não mulheres. Os textos que não estão de acordo com essa perspectiva androcêntrica são reinterpretados! veja em alguns exemplos. Em Romanos 16.7 lemos: "Saudai a Andrônico e Junia, meus parentes e companheiros de prisão, os quais são notáveis entre os apóstolos, e estavam em Cristo antes de mim" Partindo da suposição de que o apóstolo só pode ser um homem, muitos dos comentadores da Carta aos Romanos interpretam o nome Júnia como sendo nome de homem. Também em Romanos 16.1 -3 aparece uma mulher de nome Febe, diákonos da igreja em Cencréia, e que é também designada de prostátis a versao Almeida traduz diákonos com "que está servindo igreja (...)". A Bíblia de Jerusalém fala em "diaconisa da igreia de Cencréia". no entanto, o titulo usado é diákonos. A maioria dos autores, quando se trata de homem (Apolo, Timóteo ou Tíquico), traduz diákonos por diácono Partindo de uma compreensão androcêntrica do novo Testamento, os exegetas e tradutores pressupõe automaticamente que as mulheres mencionadas nas cartas paulinas sejam auxiliares de Paulo. Não conseguem admitir que essas mulheres tenham sido missionárias, apostolas e dirigentes de comunidades na era apostólica. Em nenhuma oportunidade vai ser afirmado que essas mulheres estejam subordinadas a Paulo em sua tarefa missionária ou de direção, o apóstolo Paulo trabalhou, lado a lado, com mulheres e reconheceu sua autoridade. Febe era diácona e presidia a comunidade de Cencréia.
Outro aspecto que deve ser considerado, quando se fala em androcentrismo e a exegese neotestamentária, é o fato de que conceitos como santos, eleito, irmão, filhos são considerados designativos para todos os membros da comunidade, portanto também para as mulheres, mesmo que os conceitos sejam masculinos. Por outro lado, como são interpretados conceitos como profeta, mestre, diácono, colaborador na missão, apóstolo e bispo? Todos esses também são masculinos, como os anteriores, mas na exegese só vão ser aplicados a homens, e não a mulheres. Dessa maneira pressupõe-se de saída que Júnia e Febe foram auxiliares. Jamais se ousa dizer que também elas tenham tido função dirigente na comunidade. Ora, que isso seja assim tem sua razão de ser em toda a História da Igreja e também entre nós hoje como a Bíblia é modelo e norma para a igreja, reconhecer que na igreja antiga a mulher teve funções dirigentes significaria renunciar ao primado patriarcal na igreja. A mulher poderia ser bispo, presidente de igreja etc... Consequentemente, a dogmática e o direito eclesiástico deferiam ser modificados em muitas denominações cristãs.
Os relatos do Novo Testamento são pregação engajada, e testemunho cristão.Pode-se enxergar porém algumas alterações que parecem ter sido propositais.
Permito-me apresentar algumas contradições existentes no Novo Testamento. Sabemos, por exemplo, que houve mulheres discípulas de Jesus (Mt 27.55; Mc 15.41). Sabemos também que mulheres foram as primeiras testemunhas da ressurreição. No entanto, nenhuma mulher fez parte do circulo dos doze. Jesus curou mulheres, teve conversas com elas, tratou delas e de seu mundo em muitas parábolas, mas em nenhuma parte dos evangelhos é relatado com detalhes a vocação de uma mulher. Parece que só homens foram vocacionados. No entanto, os evangelhos sabem que mulheres foram as primeiras a descobrir o sepulcro vazio na manhã da Páscoa. Ao falarem das testemunhas da ressurreição, porém, só apresentam nomes de homens. Em Marcos, capítulo 14.3-9, é narrada a cena da mulher que ungiu Jesus, proclamando-o como o Cristo. No v. 9 é dito: "Onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua". A triste realidade, porém, é que não sabemos qual o seu nome. Foi esquecido!
CONTINUAÇAO...
ResponderExcluirOs Atos dos Apóstolos citam muitas mulheres que poem suas casas e suas propriedades a serviço da igreja. Jamais, no entanto, Lucas falou em mulheres missionárias. A missão é para ele tarefa masculina! Lucas conheceu mulheres profetas, mas nada disse sobre sua função na comunidade. Mesmo assim, existem algumas referências que deixam entrever a atividade feminina na comunidade de Lucas. Essa atividade fica mais evidente ao levarmos em conta que um dos códices que reproduzem o Novo Testamento, o Códice Bezae Cantabrigiensis (D,) altera todas as passagens que deixam entrever a possibilidade de alguma proeminência da mulher. Cito alguns exemplos. Em Atos 17.4 lemos: "Alguns deles foram persuadidos e unidos a Paulo e Silas, bem como numerosa multidão de gregos piedosos e muitas distintas mulheres". A autonomia das distintas mulheres incomodou tanto o autor do Códice que ele alterou o texto Sua versão diz: "(..) e muitas mulheres de distintos (...)". 17.1 2, lemos: "Com isso muitos deles creram, mulheres gregas de alta posição, e não poucos homens" O Códice D altera: "(- .) homens gregos de alta posição e mulheres ( ) As mulheres passam, automaticamente, a ser esposas. Em At 1.14 lemos: '"Todos estes perseveram unânimes em oração, com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele" D coloca após ''mulheres' as palavras 'e crianças'. Com essa pequena intercalação, as mulheres são transformadas em esposas dos apóstolos e fazem parte da família perdendo sua autonomia. At 15.26,Lucas fala de "Priscila e Áquila'". Note-se que menciona a mulher antes do homem, na opinião de D, isso não é correto. Por isso ele inverte a ordem: "Aquila e Priscila". Sabemos que a pátria do autor do Códice D é a Ásia Menor. Ali, no séc II,toda mulher era, de saída, candidata à herege. Diferente da realidade dos escritos de Lucas são as cartas paulinas. Paulo conhece, em 1 Co11.2-16, mulheres que profetizaram na comunidade, mas exige que adotem a moda oficial. 1 Co 14.33-36, por outro lado, tem caráter claramente negativo. Entre os exegetas, porém, não há consenso quanto ao fato de a exigência da mulher calar na igreja ser ou não ser interpolação(acréscimo) posterior. Quanto mais dogmática for sua posição, mais propensos estarão em negar o caráter interpolatório do texto. Exegeticamente, porém, não há dúvidas quanto ao fato de o texto ser inserção posterior,oriunda de 1 Tm 2.9-15. Nos evangelhos apócrifos é abundante a atividade das mulheres, no decorrer do tempo até seculo III e IV, ainda via-se atividades de lideres mulheres, porém com Constantino veio o fim da atividade feminina no reino, a mulher ficou sem espaço.
Martin N. Dreher- Doctor.Prof. historia do cristianismo
Caríssima pra. Zenilda,
ResponderExcluirQue boas novas ! Como bem dito pela pra.Diana, somente uma liderança sexista e empedernida não consegue sentir a vibração do vento do Espírito, que tem soprado sobre os batistas brasileiros há mais de uma década.
Deus seja louvado!
Pra. Silvia Nogueira