BLOG DA PASTORA ZENILDA


Pra. Zenilda Reggiani Cintra
As opiniões deste blog refletem a minha visão e não, necessariamente, a de outras pastoras da CBB.
Por favor, ao reproduzir textos deste blog indique o link: http://pastorazenilda.blogspot.com/. Obrigada.

domingo, 31 de janeiro de 2010

O PONTO DE VISTA DO EDVAR A RESPEITO DO ASSUNTO PASTORAS, NA OPBB EM CUIABÁ



O Pr. Edvar Gimenes de Oliveira (http://blogdoedvar.blogspot.com/ ), de Salvador, Bahia, foi um instrumento nas mãos de Deus em Cuiabá quando redigiu, colheu assinaturas e encaminhou o documento que resultou na aprovação da renovação da filiação das pastoras na OPBB, aceitas até janeiro de 2007. Transcrevo a perspectiva do Pr. Edvar dos acontecimentos e os documentos.

AINDA SOBRE OPBB VERSUS PASTORAS

Deu no Portal Batista:

"Segundo o presidente da OPBB, pastor Orivaldo Pimentel, não houve uma decisão para a aceitação pela OPBB de qualquer pastora, mas apenas daquelas que atendam aos pré-requisitos da entidade e que tenham se filiado à mesma através das sessões estaduais antes da Assembleia de 2007"

Pastores, pastoras e povo batista em geral, de todo o Brasil, estão atentos e prontos a denunciar eventuais lucubrações que possam vir a ocorrer, no sentido de se tentar interpretar a decisão tomada pela assembléia de Cuiabá 2010, da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, de maneira desfavorável às pastoras, dificultando o reconhecimento do direito que nunca deveria ter sido negado a todas elas e muito menos agora, a algumas delas, diante da decisão da tomada.
O que esperamos dos dirigentes da OPBB, agora sob a presidência de Lécio Dornas:
1. que as pastoras beneficiadas pela decisão de Cuiabá, não tenham privilégios que os pastores não têm;
2. que às pastoras, não sejam feitas exigências que não eram feitas aos pastores à epóca da filiação, na seção que as recebeu;
3. que a direção nacional, portanto, não se envolva no processo de filiação das pastoras, se não se envolve na dos pastores; 
4. que a aplicação das normas seja feita em espírito de amor e justiça e não de acordo com a filosofia: "para os amigos as facilidades da lei; para os inimigos, os rigores da lei", pois as pastoras não são nossas inimigas. São seres humanos, criadas igualmente à imagem e semelhança de Deus, resgatadas igualmente pelo sacrifício do Cristo, comissionadas igualmente para ir por todo o mundo, fazer discípulos e batizá-los "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho mandado".

Quando penso no lugar onde trabalho como pastor e nas condições que me são oferecidas e comparo com o lugar onde a maioria das pastoras está trabalhando e as condições que a elas têm sido oferecidas, sinto vergonha só de pensar na humilhação a que têm sido submetidas, sendo tratadas como "vocacionadas de segunda classe" que não estão à altura de compartilhar a mesma organização.

A Associação dos Diáconos Batistas do Brasil não só aceita diaconizas, mas é presidida por uma delas.
A Ordem dos Advogados do Brasil é composta também de Advogadas.
Entre os pastores batistas, entretanto, há quem justifique que a Ordem é dos "pastores" e não das "pastoras".
Para alguns colegas, dividir a Ordem com mulheres parece ser vergonhoso, ainda que a maioria de nós pastores divida teto, mesa e cama diariamente com uma delas.
Não estou aqui semeando conflitos.
Não confunda paz com ausência de tensão. Ausência de tensão é sinônimo de morte não de paz. 
Paz que não é construida em bases amorosas e justas não é paz, é ausência de vida.

Nem estou aqui semeando divisão.
Unidade que não é contruída em bases amorosas e justas não é unidade, é opressão. 

Muito menos estou aqui defendendo posições antibíblicas.
Posições bíblicas saudáveis são aquelas cuja fundamentação se dá em bases hermenêuticas sólidas e não incoerentes.
Se sou contrário à liderança da mulher por "razões bíblicas", deveria ser, também, contrário à liderança delas em todas as áreas da vida e não somente no ministério.
Se defendo o silêncio da mulher na igreja (igreja gente, não templo), por "razões bíblicas", deveria ser, também, contrário a que se manifestassem em todas as atividades da igreja.
Se aplico literalmente textos bíblicos para manter a mulher na condição de cidadã de segunda categoria, assim deveria agir, também, em relação a roupas, cabelo, uso de bijuterias, maquiagem, diálogo em público, ocupação de assento no templo, só pra exemplificar.
Que Deus nos ajude a sermos misericordiosos em nossas dificuldades naturais de enxergamos e interpretarmos as realidades de maneira compatível com o espírito do evangelho que produz vida e que haja em nós o firme propósito de nos guiarmos pelo espírito que vivifica e não pela letra fria que produz morte.

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ORDEM DOS PASTORES (E PASTORAS) BATISTAS DO BRASIL

Cheguei a Cuiabá na segunda-feira, 18, por volta das 23 h, depois de 13 dias em Garça, SP, de férias com Gláucia, na casa de minha mãe.

Na terça, enquanto descansava no hotel, abro o Twitter e leio: “Pastora_Zenilda OPBB exclui pastoras já inscritas http://pastorazenilda.blogspot.com/2010/01/opbb-exclui-pastoras-ja-inscritas.html”.

Fui ao blog da pastora Zenilda e a informação central era: "SOLICITAÇÃO DA SEÇÃO PARANAENSE – Mediante o pedido da Seção Paranaense que a OPBB oriente qual o procedimento da mesma em relação a pastoras que foram aceitas na Seção antes da definição na Assembléia em Florianópolis/2007, contrária à filiação de pastoras, é aprovado com 13 votos favoráveis e 02 votos contrários que se envie correspondência a Seção Paranaense ressaltando o respeito a estas amadas irmãs, entretanto enfatizando que este Conselho, pela decisão de Florianópolis, está impedido de autorizar a emissão das carteiras destas irmãs."

Imediatamente, o cérebro que estava focado em dois assuntos que pretendia colocar em discussão no plenário, relacionados à vida da Convenção Batista Brasileira, volta-se para este outro – a consagração de pastoras e sua filiação à OPBB - que me instiga por razões cognitivas, de natureza emocional e intelectual, nessa ordem.

Emocional, porque na sequência de filhos dos meus pais, sou o quarto, sendo que, antes de mim, vieram três irmãs e, após, mais uma, depois um irmão e mais duas irmãs. Claro, então, que tendo sido criado nesse perfil familiar e com uma mãe que costurava, lavava roupa pra fora e nos períodos de safra do café ia pra colheita pra aumentar a renda familiar, ou seria um "revoltado" com as mulheres ou seria "amante" delas. Por instinto inteligente, segui a segunda opção.

Intelectual, porque não faz parte da minha estrutura de personalidade agir sem que a causa da ação faça sentido em minha mente. Em outras palavras, não costumo comer, conscientemente, nas mãos alheias. Quando alguma coisa não bate e a luz da cabeça fica piscando no amarelo, costumo mergulhar, se preciso em águas profundas, em busca de resposta que apazigue o coração. Daí pensar na questão de gênero – incluído aí a possibilidade de mulheres serem reconhecidas como pastoras - a partir da teologia e da educação, áreas nas quais me aprofundei um pouco mais.

Esclarecido desnecessariamente isso, ponho-me a pensar no que fazer e a elaborar um requerimento para ganhar tempo.
O congresso da Ordem dos Pastores (e agora das pastoras também) começa. Recebo o livro do congressista com programa, resumo das palestras, relatórios, Estatuto e Regimento Interno e leio tudo de capa a capa. Gostei do relatório, especialmente por conter dados que permitem uma análise mais fácil e real da instituição. Gostei também de ver que os preletores seriam de cada uma das cinco regiões do país. Isso parece irrelevante, porém, como já escrevi n’O Jornal Batista, parece que alguns líderes pensam que a Convenção Batista Brasileira só tem vida pensante no eixo Rio-São Paulo.

Gostei de observar a diversidade na linha teológica dos preletores. Não gostei de observar que nenhum dos preletores tinha idade inferior a 40 anos (cheguei aos 50 e começo a ficar ansioso para reaprender com os mais jovens).

Após o relatório, indaguei ao Executivo se a notícia a respeito das pastoras do Paraná procedia. Ele confirmou que sim. Iria, então, fazer uma proposta, mas o moderador da reunião informou-me, gentilmente, que o assunto só poderia ser apreciado via Comissão de Assuntos Especiais. Discordei, pois era assunto tratado pelo Conselho da Ordem e o plenário poderia tratar. Tendo sido mencionado pelo Executivo, poderia ser discutido ali. Respeitei, porém, a orientação da mesa e tratei de concluir a redação do requerimento, coletando pelo menos cinco assinaturas e, depois, passei "horas" a procura dos componentes da Comissão, tendo deixado de almoçar, inclusive, para que o documento pudesse ser entregue, avaliado e encaminhado ao plenário, com parecer, para ser debatido e votado.

A matéria chega ao plenário com um parecer melhor do que esperava, recomendando a emissão das carteiras das pastoras que haviam sido aceitas antes de 2007, quando, numa decisão a meu ver contrária ao espírito do evangelho, a assembléia, por uma diferença de meia dúzia de votos, decidiu que pastoras não poderiam ser aceitas na Ordem.

O debate foi interessante, principalmente porque o moderador, pessoa por quem nutro profundo respeito pela seriedade com que trata as coisas do reino de Deus, influenciava as discussões, passando a impressão de resistência ao parecer.

Pelo tempo de participação em assembléias e, inclusive, por ter dirigido muitas em igrejas, convenções, associações e, também, em Ordem estadual, sei que a linha que separa uma resposta dada pela presidência, da discussão do assunto é tênue. Além disso, sei também que nenhuma informação é neutra, portanto, consciente ou inconscientemente, sempre que um moderador dá uma resposta – e isso é inevitável -, ele influencia o plenário.

Diante disso, primeiro, com cuidado e respeito, intervim por uma questão de ordem, tentando ajudar o moderador a perceber que ele estava extrapolando, em suas respostas às indagações dos mensageiros; depois, numa segunda intervenção, requeri que o moderador se afastasse da moderação para que pudesse debater o assunto. Não fui atendido em nenhuma das duas questões de ordem.

Lá pelas tantas, foi feita uma proposta para que o assunto ficasse sobre a mesa. O plenário derrubou a proposta. Em seguida, propus que o assunto fosse encerrado e colocado imediatamente em votação. O moderador fez questão de aplicar rigorosamente o dispositivo regimental que exige 2/3 dos votos para esse tipo de proposta, mas, mesmo assim, a proposta passou.

Encerrada a discussão e colocado o parecer em votação, ele foi aprovado por maioria de votos.

A Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, agora também é das Pastoras. Apenas de algumas, mas é.

Apaziguei minha anima.

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CONTEÚDO DO REQUERIMENTO ENCAMINHADO 
E ASSINADO POR SETE PASTORES

Considerando a informação veiculada pela internet e confirmada pelo Executivo da OPBB, Pr. Juracy Baía, que, respondendo consulta feita pela OPBB, seção Paraná, o Conselho da Ordem teria dado parecer que as carteiras das referidas pastoras não deveriam ser renovadas;

Considerando que a não renovação significa desligamento da Ordem e isso não se enquadra em qualquer dos critérios que regem o disposto no Artigo 8 do Regimento Interno da OPBB;

Considerando que diversas pastoras de Igrejas da CBB foram aceitas legalmente em diversas seções estaduais da OPBB antes da decisão de 2007 que suspendeu a filiação de pastoras à Ordem;

Considerando que a decisão de 2007 não legislou a respeito do que seria feito com as pastoras já filiadas;

Considerando que, mesmo que a OPBB tivesse deliberado pela desfiliação, isso contrariaria princípios constitucionais como: “A lei penal não pode retroagir salvo para beneficiar o réu” ou “a lei não prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada” (Art. 5);

Considerando que, além disso, o conselho da OPBB não tem poderes regimentais para legislar sobre este assunto;

Considerando que não estamos lidando com pastoras, no sentido de sujeitos indeterminados, mas com pessoas, com nome e endereço, convertidas ao evangelho, consagradas (ou ordenadas como preferirem) ao ministério pastoral a pedido de igrejas batistas cooperadoras da CBB;

Considerando que o tema deste congresso da OPBB estimula a unidade em lugar da dissensão e decisão desta natureza aprofunda o conflito latente em torno da consagração de pastoras,

propomos:

Que esta Assembléia revogue decisão do Conselho da Ordem mantendo o direito adquirido de filiadas, das pastoras aceitas antes da decisão de 2007.

Cuiabá, 21 de janeiro de 2010

xxx
A Comissão de Assuntos Especiais que deu parecer favorável a esse requerimento e que declarou ter ouvido parecer da Assessoria jurídico-parlamentar foi formada pelos pastores:
Julio de Oliveira Sanches (SP) - relator
Paulo Marinho (SP)
José Renê Toledo (MG)
Linaldo Guerra (PB)
Augusto Carvalho (FL)
O conteúdo do parecer não foi distribuído, por isso não o disponibilizo aqui.
Assessoria jurídico-parlamentar:
Isaias Lins - BA
Josué Andrade - ?

Um comentário:

  1. Sou homem, formado em teologia, prego, ensino, respeito às mulheres que fazem o mesmo. Só não entendo essa mania de querer pertencer a um grupo seleto. Pastor não é classe profissional, pastor é crente como outros, em diferentes ministérios. Não devemos nos preocupar com consagração ou entrar para "ordens", mas sim em pregar o evangelho. Há muitos "consagrados" que pouco fazem, ou até geram problemas para a igreja. Penso que estamos focalizando coisas insignificantes, tanto homens quanto mulheres batistas, enquanto isso o Diabo aproveita nosso sectarismo interno e nosso orgulho.

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