BLOG DA PASTORA ZENILDA


Pra. Zenilda Reggiani Cintra
As opiniões deste blog refletem a minha visão e não, necessariamente, a de outras pastoras da CBB.
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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

UMA DENOMINAÇÃO QUE PERDE SUAS PASTORAS

Acabei de receber a notícia de que a Pra. Débora Quiles estará "assumindo dia 02 de janeiro de 2012, o ministério pastoral na área de mulheres e adolescentes na IPI de Dourados". 

A notícia me deixou profundamente triste. Não porque a pastora vai ministrar em outra denominação, em Mato Grosso do Sul, mas porque o fato comprova, mais uma vez, a falta de espaço e oportunidades para as pastoras batistas da CBB. Ela não é a primeira que vai pastorear fora das igrejas batistas. Há muito tempo isso acontece devido à intolerância e hostilidade da denominação batista que não abre espaço para as pastoras, não trabalha na mentalidade, não faz um trabalho de conscientização.

A Pra. Debora Quiles, em seu facebook, escreve: "Louvo de todo o meu coração a Deus, por toda a história que ele escreveu na minha vida e de minha família na denominação batista e sempre os amarei... Eu sou chamada para pertencer ao Reino... ao meu Deus... sempre estarei onde Ele me colocar... sempre entrarei nas portas que ele abrir".

Hoje, praticamente uma pastora só é considerada assim na igreja em que ela foi ordenada. Em quase a maioria absoluta das igrejas, as mulheres não são consideradas para sucessão ou para fazerem parte da equipe pastoral.

Na minha visão, isso acontece:
  • a negação da realidade de que há pastoras;
  • a falta de conscientização e sensibilização para a mudança de mentalidade das igrejas;
  • a hostilidade e rejeição declaradas da OPBB que insiste em não legitimar as pastoras;
  • o machismo da teologia média das igrejas e pastores;
  • a falta de apoio da UFMBB para a conscientização das mulheres da CBB, um dos redutos mais resistentes às pastoras;
Além desses motivos, ainda há o fato de que as pastoras que estão em convenções onde há aceitação de seus ministérios não se preocupam muito com as demais em regiões hostis e também muitas pastoras insistem em continuar solitariamente por receio de perseguição, o que prejudica a visibilidade das pastoras, uma necessidade neste momento de caminhada.
Acrescento ainda que os que apoiam a ordenação feminina ficam em silêncio, fazem tudo reservadamente e muitas vezes não têm a visão de Reino, da necessidade de se abrir caminho para outras pastoras e outras vocacionadas. É preciso levantar a voz em um apoio claro e visível.

Enquanto o quadro não muda, perdemos pastoras! A denominação, através de suas igrejas e seminários, incentiva as vocações, oferece preparo, capacitação e depois, quando essas mulheres estão prontas, diz: não queremos vocês aqui!
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4 comentários:

  1. Cara pastora Zenilda,minha querida colega de ministério,

    Infelizmente, existe mesmo uma perda desnecessária de pessoas vocacionadas nos arraiais batistas devido à intolerância da OPBB, do apagamento da realidade das ordenações femininas operadas pela CBB e do silenciamento da UFMBB- aliás, algo que jamais irei entender-. Mas resistimos e avançamos. E por quê? porque esse "negócio" é de Deus, porque temos dito corajosamente sim a nossa vocação, porque as igrejas do Senhor Jesus chamada Batista também têm agido de forma corajosa e submissa à vontade de Deus para a vida de nossa amada denominação. Jamais deixarei os Batistas brasileiros, apesar do desejo da minoria que está no poder. Inclusive, é sempre bom lembrar que a igreja é laica, sabendo enfrentar, quando necessário, os de "colarinho clerical". Lamento também esta perda desnecessária. Mas é bom dizer: Não vamos a lugar algum.
    No fraterno Cristo,
    Pra. Silvia Nogueira

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  2. Cara colega. Vivemos um tempo muito conturbado mas prestes a vislumbrarmos uma grande guinada em nossa denominação. Percebo que muita coisa tem mudado, pois só o fato de já, mesmo que timidamente, se reconhecer a possibilidade e a efetividade do ministério pastoral feminino nos mostra esta mudança. É questão de tempo, e não muito, para que toda esta forma de enxergar o ministério pastoral mude. Muito já se avançou. O tempo dos medalhões e daqueles que só buscam os seus próprios interesses está acabando. Todos nós somos iguais perante o nosso Deus. Deus não escolhe pela cor, sexo ou capacidade intelectual mas sim pelo propósito que tem a realizar.
    Continuem firmes pois a hora do homem já passou e chega a hora de Deus.

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  3. Prezada Pra. Zenilda;

    Tive a grata felicidade de ser colega de turma da Pra. Débora. Também tive a felicidade de participar dos momentos que envolveram a sua ordenação (primeira pastora ordenada aqui no MS). Na época, a diretoria de nossa seccional da OPBB foi corajosa e coerente com os princípios batistas, mas principalmente bíblicos. Infelizmente as mentes que posteriormente assumiram a diretoria da mesma, não tiveram a mesma firmeza e, sem nenhum debate na época, assumiram a decisão de Florianópolis.

    Recentemente, tivemos uma nova rodada de debates onde, infelizmente, o grupo de mantenedores da "correta ordem", ratificaram a decisão. Ou seja, os longos debates e reflexões de 2002 e 2003 que tivemos em nossa Associação para decidirmos sobre a ordenação de mulheres ao ministério pastoral foram, sumariamente, sepultados.

    Como professor de teologia, tenho me empenhado em formar novos/as líderes que possam, em suas comunidades, serem agentes de transformação. Não creio que nossas "lideranças" atuais irão mudar tal situação brevemente. Assim, sigo minhas convicções, que são biblicamente e socialmente embasadas, para que o futuro nos reserve gloriosas surpresas com a experiência de um cristianismo onde, de fato, somos todos iguais diante de Deus.

    Força sempre! Que Deus continue a abençoar a você, a sua família e o seu ministério ricamente.

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    1. Prezado José Augusto
      Acho que todas as etapas sao importantes. Houve a etapa como a que voce mencionou que as questoes teológicas foram muito debatidas. Depois vivemos a fase da ordenação de várias pastoras e entao chegou-se a conclusao que a época de debates passou e havia chegado a hora da conscientização e da inserção das pastoras no contexto denominacional. Hoje já estamos caminhando, no meu modo de ver, para a legitimizaçao da presença das pastoras como cidadãs batistas e não restritas somente aos seus contextos de formação. Louvo a Deus por vidas como a sua, que faz diferença no lugar onde está. Abs e Deus continue abençoando a sua vida.

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