BLOG DA PASTORA ZENILDA


Pra. Zenilda Reggiani Cintra
As opiniões deste blog refletem a minha visão e não, necessariamente, a de outras pastoras da CBB.
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quinta-feira, 28 de julho de 2016

"A PORTA DA FRENTE" PARA AS PASTORAS E A TUTELA DO PASTORADO FEMININO

Auditório do I Encontro de Pastoras, realizado em Brasília, em janeiro de 2009
Estávamos na Assembléia da CBB em Brasília, 2009, quando foi realizado o I Encontro de Pastoras, na IB da Asa Sul, dirigida pelo Pr. Paulo Lomba, pelo qual sempre terei eterna gratidão. 



Na tentativa de nos demover da ideia do Encontro, um dos líderes da OPBB de então e alguns dos seus colaboradores começaram a repetir a frase de que "as pastoras deveriam entrar pela porta da frente", querendo dizer que as mulheres vocacionadas deveriam esperar a decisão da Ordem dos Pastores a respeito do ministério pastoral feminino para depois serem consagradas.

Foi um choque ouvir essa frase! Mas na mesma hora veio a convicção com base em todos os princípios bíblicos e também na Declaração Doutrinária da CBB: a igreja é e sempre será a porta da frente, não somente para as mulheres vocacionadas, mas para os homens também.
Outra visão do auditório do I Encontro

O uso dessa frase coercitiva se deve, principalmente, à tentativa, ainda que inconsciente de alguns, de quererem a tutela do processo da consagração de mulheres batistas para o ministério pastoral. Quando comecei a lutar por esse motivo de uma forma mais direta em 2007, os pastores da OPBB e a liderança, de uma forma geral, queriam ainda discutir se concordavam ou não com "mulheres pastoras", se era bíblico na visão deles, para depois verem se elas seriam filiadas a Ordem. 


Enquanto pensavam nisso, as pastoras estavam entrando pela porta da frente, que é a igreja. Muitas igrejas e pastores entenderam, perfeitamente, que a tutela é da igreja, dirigida pelo Espírito,  quando reconheceram a vocação em mulheres e as consagraram.  Por isso, quando a OPBB votou em 2014 a decisão de deixar que cada seção estadual/regional decidisse ou não pela filiação, já tínhamos quase 200 pastoras!

Agora, a frase volta, já em outro contexto. Este em que somente oito seções da OPBB votaram positivamente pela filiação de mulheres, 10 votaram contra e  15 ainda não votaram. Qual é o propósito? Tutela! Ainda a tutela. Querem que mulheres só sejam consagradas se a seção votou positivamente pela filiação. Há uma intimidação de igrejas, pastores e vocacionadas para sufocarem as vocações femininas pelo país.
Silvia Nogueira, nossa primeira pastora consagrada em 1999, depois de
da tentativa da primeira consagração, em 1976, em SP.
Quando é que um segmento da OPBB vai entender que ela não é a porta da frente? A porta da frente é a igreja! É ela quem reconhece a vocação e consagra os vocacionados, sejam eles mulheres ou homens. A OPBB somente filia ou não o pastor ou a pastora.


A intimidação ficou ainda mais forte nas seções que votaram contra. Elas dizem para as igrejas que elas não podem ordenar pastoras porque a OPBB decidiu assim. Mas as igrejas podem continuar consagrando mulheres por todo o país, mesmo nas seções que votaram contra.

Temos que entender que a OPBB é um órgão auxiliar da CBB que FILIA pastores e pastoras e não os consagra.
Com o advento da consagração feminina o processo de concílio e consagração ficou ainda mais "fiscalizado", isto é, na maioria da seções não é mais a igreja que promove o concílio, mas ela precisa pedir à seção ou subseção para fazer isso. Muitas vezes o concílio é realizado na sede da associação/convenção/OPBB e, depois que o candidato é examinado e aprovado, então a igreja faz o culto de consagração. Os membros da igreja muitas vezes nem podem participar do concilio! Com isso, criaram barreiras ainda maiores para a consagração de mulheres porque a igreja e sua liderança precisam enfrentar toda uma burocracia denominacional, considerada "sagrada" para consagrar uma mulher.
Além do mais, algumas seções querem proceder da seguinte
Pra. Zenilda Cintra, dirigindo o I Encontro
forma: quando uma pastora é consagrada e filiada em uma seção e vai para outro lugar onde a seção não aceita a filiação de pastoras, ela perde o título, isto é, ela não é mais pastora, a
inda que seja só uma visitante. Olha só a inversão de valores. A OPBB, para alguns, está no topo, acima da igreja e da CBB, que reconhece que a questão de consagração é uma decisão da igreja local. Na estrutura denominacional a OPBB é um órgão auxiliar da CBB e não autônomo, isto é, não pode agir fora dos parâmetros delimitados pela CBB.


O mais grave de tudo isso, na minha visão, é quererem estratificar as pastoras entre filiadas e não filiadas, outra estratégia recente de tutela, como se a decisão de se filiar dependesse única e exclusivamente da pastora e que fossem pastoras de fato somente as filiadas à OPBB. Todas são pastoras se uma igreja reconheceu as vocações e as consagrou! 

Que o Senhor nos ajude nesses tempos difíceis e confusos. Que todos nós entendamos que é o Espírito quem nos conduz. Que a OPBB é apenas um órgão que tem o propósito de reunir aqueles que exercem o ministério pastoral nas igrejas. Que a OPBB tem o seu papel de primar pela qualidade do ministério pastoral e por isso tem o processo de filiação com inúmeras exigências que devem ser observadas por aqueles que pretendam filiar-se, inclusive as mulheres daquelas seções que AINDA não filiam pastoras.Que as igrejas entendam que elas têm a liberdade de consagrar homens e mulheres em qualquer lugar desse país. 
E que Deus tenha misericórdia de todos nós.

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